quarta-feira, 12 de setembro de 2007

Meu Anjo de Branco

Fecho meus olhos



O cheiro de sal doce

A luz celeste de mar

O fresco de terra

Invade toda a minha aura

O meu ser

A minha alma



Fecho meus olhos



Sinto os teus cabelos

Cheiro a tua pele de cetim

Teu sorriso contagia a minha alegria

Tua voz embala o meu sonho



Fecho meus olhos



Vejo



A força e amor de mãe

o teu olhar sofrido, meigo

A tua crença em ser amada



Mereces



Sim mereces

Mais que tudo

Mais que todos



Fecho meus olhos



Deixo-me levar

Nessa tua dança angelical

Movimentos lentos, doces, sensuais

Embalas o meu sonho



Fecho meus olhos



As tuas delicadas e suaves mãos

Pegam em mim, levam-me

Mostras-me o mundo

Mostras-me o amor

Mostras-me o açúcar da vida



Abro meus olhos



Uma luz celeste encandeia-me

Um vulto aproxima-se



Abro meus olhos



Vejo-te a ti

Meu Anjo de Branco

quarta-feira, 5 de setembro de 2007

Simplesmente Tú

Olhos de mel
Sorriso
Atrevido
doce
meigo

Olhar
sensual
Penetrante
quente

Pele clara
como
neve
de
algodão
doce

Imagino
Tua voz
Trespassando
Meus ouvidos
Rasgando
meu
coração
enchendo
o
de luxuria

Teu
toque faz
me
extremecer
és unica
linda
perfeita

Simplesmente
perfeita
simples
mente

Dama do Lago




Atravesso montanhas, vales
Caminhos estreitos, compridos
A geadas, ventos, chuvas
Resisto


Num bosque profundo
O canto dos pássaros
O Uivo dos Lobos
Escuto


Acendo a fogueira
Deito-me fecho os olhos
A paz invade-me
Descanso


Um outro dia nasceu
Ponho-me a caminho
Uma brisa de lavanda
Lembra-me a tua pele
Apresso-me
Longos dias de caminhada
Diluvios, nevões e ventos
Suportei


A um lago chego
Banho-me
Um clarão
Ofusca-me

Vejo-te sair das águas cristalinas
Teus olhos cor de mar
O teu cheiro a lavanda possui-me
Os teus cabelos agarram-me


Momentos loucos
Momentos únicos
Fazes-me voar
Sonho

Partes para o fundo do lago
Teu odor entranha-se em mim
Tua voz fica-me na mente
Imagino-te

Abro meus olhos
Estou só acompanhado pelo bosque
Parto novamente para a minha viagem
Suspiro


Jamais esquecerei
Momentos únicos
Jamais repetidos
Levo-te comigo

Os teus olhos cor de mar
Teus cabelos de mel
Teu cheiro em minha pele
Teu nome no meu intimo

Minha Dama do Lago

quarta-feira, 1 de agosto de 2007

Parei

Parei
Breves momentos
Lembranças profundas
Sonhos de Mel

Parei
Olhei o passado
Respiro o presente
Alimento o futuro

Parei
Escuto vozes perdidas
Toco em sonhos longínquos
Solto gritos mudos para o universo

Parei
Olho em redor
Vejo o vazio
Sinto a escuridão

Parei
Apenas parei
Apenas
Parei
E nada fiz

Perdi, Ganhei, chorei
Mas jamais morri
Estou vivo, estou feliz
Corro para a felicidade
Corro para viver
Jamais parei de viver

terça-feira, 31 de julho de 2007

Acordei

Acordei um dia mais velho
Um dia a menos de vida
Um dia a mais passado

Acordei para um novo dia
Acordei para uma nova aventura
Acordei apenas
Apenas e só acordei

Acordei
Sim acordei para a vida
Acordei com uma vida nova
Acordei para ti
Acordei para lutar por ti

Sim acordei para vida
Acordei para te ver crescer
Acordei para te mostrar o caminho
Acordei só para ti

Acordei para te criar
Acordei para viveres
Acordei para te esperar
Acordei para te receber
Acordei para te pegar

Acordei para te levar para casa
Acordei para te aconchegar
Acordei para um nova vida
Acordei para jamais adormecer
Acordei
A cor dei

quarta-feira, 25 de julho de 2007

Amigo

Perdi-me, sim perdi-me
Perdi-me em algo
Até hoje não via em quê.

Ceguei, sim ceguei
Sou aquele mais cego que os cegos
Não quero ver

Fugi, sim fugi
Com medo do caminho tortuoso
Apavorado, angustiado, acobardado
Fugi

O medo tomou conta de mim
Esqueci-me de viver
Perdi-me

Viajo numa barcaça de caniçal
Sobre um mar de tormentas
Agarro-me

Que resistência, que vigor
Tão frágil e tão forte
A barcaça de caniçal

Olho em redor
Não há mais nada a fazer
Senão segurar-me

Estou Perdido
Estou desfeito
Já não me escapo

Esta á a viagem que escolhi
A pequena barcaça não resiste muito mais
Sinto

Estou a desmoronar-me
As pequenas cordas soltam-se
A pequena barcaça de caniçal começa a desfalecer
Apenas olho

Penso
A minha vida fica por aqui
Maldito seja eu
revolto-me

E quando tudo parece perdido
Algo me agarra com vigor
E não me deixa ir ao fundo
Suspiro

Olho
Foi aquele amigo
Sim aquele único e verdadeiro
Que nuca virou costas
A que eu virei
Choro

Aquele
Sim aquele que na verdade
Chama-se de
AMIGO

quinta-feira, 5 de julho de 2007

A mesma história de várias maneiras

VERSÃO ORIGINAL
Era tão bom o meu tempo de moço.
Sonhava enquanto o seu neto aprendia a escrever.
Estava triste, pois a sua neta foi embora para o convento.
A vida era muito difícil.
Era tão difícil que até o seu neto mais novo ainda bebé,
Acordava sempre assustado.
A sua mulher estava à porta para dar o último adeus,
E ele ali estava sentado a ver o seu neto a aprender a escrever.
Sonhava Era tão bom o meu tempo de moço.


REVÉS DA MEDALHA
O meu tempo de moço era tão bom, sonhava.
O seu neto a aprender a escrever, e ele ali estava sentado a ver.
Para dar o último adeus estava à porta a sua mulher.
O seu neto mais novo ainda bebé, acordava sempre assustado.
Era tão difícil, a vida era muito difícil, pois a sua neta foi embora para o convento.
Estava triste.
Enquanto o seu neto aprendia a escrever, sonhava
Era tão bom o meu tempo de moço.


VERSÃO MELÓDICA
“Ai como era bom o meu tempo de menino e moço.”
Vagueava nas ondas dos seus sonhos enquanto via o seu neto a aprender as suas primeiras letras os seus primeiros números.
Mas a tristeza invadia o seu mais profundo ser.
A sua netinha doce e meiga acabara de sair de casa.
Iria juntar-se a um convento, pois os tempos eram difíceis.
Tão difíceis que até o seu neto mais novo ainda bebé, tinha sonhos tristes e medonhos.
Acordava atordoado não sabendo porque.
A sua sempre fiel e ternurenta esposa estava ali na porta, a receber o ultimo adeus, da sua netinha mais linda que os lírios do campo.
E o velho ali sentado a ver.
O seu neto a aprender as suas primeiras letras os seus primeiros números.
Vagueava nas ondas dos seus sonhos.
“Ai como era bom o meu tempo de menino e moço”


VERSÃO DO CALÃO POPULAR
“Era bué fixe o meu tempo de chavaleco”.
Curtia o seu sonho enquanto o puto neto aprendia cenas lá da escola.
O bacano estava buéda mal, mas bué mesmo, pois a pitinha da neta ia bazar.
Não havia trocos, era curto, fogo vai lá vai!
Estava tão malinhos a vida que a pitinha foi estudar para pinguim
até o chavaleco do bebé,
Acordava sempre todo acagaçado, vai lá vai!
A bacana dele estava à porta para dar o último adeus,
E ele ali abancado enquanto o puto neto aprendia cenas lá da escola.
Curtia o seu sonho
“Era bué fixe o meu tempo de chavaleco”.

VERSÃO FUTURISTA
Era tão bom o meu tempo de moço.
Sonhará enquanto o seu neto irá aprender a escrever.
Ficará triste, pois a sua neta partirá para o convento.
A vida irá ser muito difícil.
Será tão difícil que até o seu neto que ainda não nasceu
ainda bebé, acordará sempre assustado.
A sua mulher irá até à porta para dar o último adeus,
E ele ali ficará ali sentado a ver o seu neto que irá aprender a escrever.
Sonhará Era tão bom o meu tempo de moço.


VERSÃO EXAGERADA E RÁPIDA
Era tão bom o meu tempo de moço, jovem, homem.
Sonhava, dormia, acordava, enquanto o seu neto aprendia,
já aprendeu a escrever, é advogado.
Estava triste, chorava, berrava, deprimia-se
pois a sua neta foi embora, partiu, viajou
para o convento, basílica, catedral.
A vida era muito difícil, má, terrível,
Era tão difícil, horrível, e mau
que até o seu neto mais novo
ainda bebé, rapaz, jovem, adulto.
Acordava sempre assustado, em pânico, ofegante.
A sua mulher estava à porta, no portão, na fronteira
para dar, mandar, lançar o último adeus, até já, vai e volta
E ele ali estava sentado, ajoelhado em pé
a ver, já viu, vai ver o seu neto
a aprender, já aprendeu a escrever, é advogado.
Sonhava, dormia, acordava
Era tão bom o meu tempo de moço, jovem, homem.


VERSÃO POR FIM
Por fim era tão bom o meu tempo de moço, sonhava.
Enquanto que por fim o seu neto aprendia a escrever.
Estava triste, pois a sua neta por fim foi para o convento.
A vida por fim era muito difícil.
Era tão difícil que por fim até o seu neto mais novo ainda bebé,
Acordava por fim sempre assustado.
Por fim a sua mulher estava à porta para dar o último adeus,
E ele ali estava sentado por fim a ver o seu neto a aprender a escrever.
Sonhava por fim, era tão bom o meu tempo de moço.

Renasci

Nostalgias vãs, doces, eternas
Sonhos vagueiam nos meus pensamentos
Sinto-me a flutuar num mar de algodão doce
Imagino histórias infindáveis
Sinto-me Rei do mundo Rei de mim
Sou aquilo que sonho, Sonho aquilo que sou

Viajo para terras imaginárias
Consigo abraçar o mundo
Meu coração grita cheio de amor
Amor sim! Aquele amor inexplicável
Amor forte, meigo, doce, terno
Amor de amor com muito amor

Amor colorido, doce de alfazema
Sinto-me forte, robusto, musculado
Sinto-me um verdadeiro Super-Homem
O Super Homem, não o de capa azul
Mas sim o homem capaz de tudo de e pelos outros
Um homem capaz de correr o mundo, para abraçar um amigo
Sou capaz de correr, voar, nadar só para fazê-lo

Sonho com os meus tempos de rapaz
As loucuras que foram feitas
Os actos irreflectidos mas pedagógicos
As aventuras, os Desaires, os Prazeres
Tudo fez parte, tudo soube bem
Cada musica tem o seu significado
Toda a musica tem o seu momento
Momentos marcantes, momentos únicos

São pequenas grandes sensações jamais esquecerei
E todas as que tinha guardadas, fizeste-me lembrar
Sim lembrar! Com carinho, amor e ternura a cada minuto que passa
Histórias, sonhos, sensações, momentos são lembrados
O meu sorriso voltou a sorrir, o meu ser renasceu
Por isso tudo te agradeço
Por isso tudo te escrevo com uma palavra
Uma palavra fiel, verdadeira, sincera

quarta-feira, 6 de junho de 2007

Tudo és Tú

Deambulando por passeios estreitos
Passeios de calçada abatida desgastada consumida
Casas avelhentadas de estores de metal enferrujado
Candeeiros de verde desmaiado dependurados
Varandas e varandins atijolados partidos emparelhados
Velhas mantas estendidas dançam ao ritmo do vento

Pequenos Raios de sol trespassam uma pequena vidraça partida
Iluminando e aquecendo um rosto de uma doce velhinha
Sentada num pequeno canapé estofado arruçado e gasto
Exercitava as suas delicadas mãos com uma agulha de barbela
Fazendo nascer uma quadricula desarticulada e bela

Uma grafonola libertava seus suspiros de bourree de Bach
Toda a vizinhança se deliciava sonhava suspirava
Sons maravilhosos ecoavam por toda a parte
Os carvalhos que sombreavam dançavam embalados
Deambulava naquele pequeno pedaço de paraíso
Pequenos saltavam em redor sempre em festa


Que belo pedaço de paraíso pequeno
Paraíso uno paraíso paradísico
Saúdam-se os transeuntes
Tudo é belo tudo é afectuoso
Tudo é ameno aprazível encantador brando
Tudo é o que é
Tudo é genuíno
Tudo é Puro
Tudo és Tu
Minha velha idosa minha cidade minha Lisboa

Choro de Chorar


Choro de mágoa, tristeza e raiva
Choro de choro de chorar
Choro seco, amargo e contido
Choro de desilusão
Choro de perca
Choro de mimo
Choro de caricias
Choro de choro do choro de chorar

Choro apenas de choro
Choro choro choro choro choro choro
Choro tanto choro
Choro dos chouros
Choro? Porque tanto se chora?


Chora-se porque sente
Chora-se porque se quer
Chora-se com vontade
Chora-se de necessidade
Chora-se de chorar porque se chorou
Chora-se porque apenas se chora
Chora-se chora-se chora-se chora-se
Chora-se tanto! Para quê tanto choro?

Chora-se apenas para não
Gritar, berrar, clamar, vociferar, bradar
Gemer, lastimar, lamentar, ressumar, transudar
Magoar, ofender, melindrar, afligir, contristar, penalizar.
Se Revoltar, sublevar-se, insurgir-se, opor-se, indignar-se
Chora-se, apenas chora-se
Apenas
Chora-se
Chora-se
Apenas

quarta-feira, 30 de maio de 2007

Carta a um filho

Fecho os olhos, e vejo-te
Esse sorriso lindo inocente
Esses olhos brilhantes cheios de amor
As tuas palavras secretas cheias de sentido
O cheiro da tua pele, o quão macio ela é
O teu toque em meus dedos procurando segurança
O dormir em paz encostado a mim

Espero por ti sem pressas
A tua chegada será a minha maior felicidade
me fazes feliz, e serei ainda mais quando aqui chegares
Esse dia estará para breve e estarei aqui para te receber
Criar-te-ei com todas as minhas energias
Te ajudarei com todas as minhas forças

Agora e sempre de teu pai que te ama

sábado, 26 de maio de 2007

Sementes de medos Colheitas de Dôr

Iras constantes, gritos Ôcos
Sementes de medos, colheitas de dor
Crentes, devotos do desconhecido
Desafiadores do destino
Cobardes enfeitados de heróis
Putas escondidas em senhoras honradas

Desejos sombrios luxuria escaldante
Despojos de gente afagados em pedaços de trapos
Pedaços de vida apodrecem nas ruas
Gentes perdidas vagueiam sem destino

Ninguem lhes da uma mão
Uma mão pequenina que seja
Uma mão de ajuda um pequeno gesto de amor
Que sociedade guardada na obscuridade esta
Que gente seca fria caucolista e errada
Que miséria disfarçada de riqueza
Que riqueza a esconder uma pobreza medonha

Seres de nada seres vazios
Seres amargos, solitários
Seres feios porcos e maus
Convivas armados em gente linda
Carregados de tédio, mostrado-se felizes
Gente obscura gente de etiquetas nobres
Usando fraldas para defecarem a sua alma

São verdadeiro corcundas sim corcundas
As suas mentes são inchaços de lixo
São a verdadeira nogice de um povo fechado
Triste, cançado e cobarde
Aturam caprichos daqueles que desgovernão
São escravos de sí são escravos da dor

Libertem-se porra! Esse tempo deveria ter morrido
Não deveria ter sido maquilhado e bem disfarçado
Sim bem disfarçado, uma revolução disfarçada
Parte dela sim por meia duzia de energumes
Esconderam os seus abusos usando o povo
Povo que continua a sofrer
Derrama lágrimas de sangue
Rapidamente limpas porque parece mal


Povo amaldiçoado, povo de sofrimento
Caminhando sempre por um tapete de brasas
Luta insessantemente para ter algo
E alguém lhe tira rapidamente das mãos
Escravos do futuro, escravos do presente
São escravos como os do passado
A diferença está no fraque

Iras constantes, gritos Ôcos
Sementes de medos, colheitas de dor
Crentes, devotos do desconhecido
Desafiadores do destino
Cobardes enfeitados de herois
Putas escondidas em senhoras honradas

segunda-feira, 7 de maio de 2007

Amores Perfeitos

Amanhecer meigo
Acordar silencioso
Caminhar levemente
Respirar alfazema
Toque de veludo
Sabor colorido
Melodia de Mel
Coração enamorado
Olhos de mar
Cantigas de embalar
Agua cristalina
Amores perfeitos
de flores Lilázes

Sonhos de cremesim
Lençóis de Cetim
Janelas de Mar
Telhados de Oceano
Orquídea selvagem
Água cristalina
Amores perfeitos
Flores Lialazes

Amanhecer meigo
Acordar silencioso
Caminhar levemente
Respirar alfazema
Toque de veludo
Sabor colorido
Melodia de Mel
Coração enamorado
Olhos de mar
Cantigas de embalar
Agua cristalina
Amores perfeitos
Flores Lilázes

Amores Perfeitos
Flores lilazes
Paixão deambulante
Coração ardente
Amores perfeitos
Amores quentes
Amores diferentes

Amores Amores
Tudo amores de sol
Amores de Luz
Amores de Cor
Amores
Amores de amores
Apenas Amor
Amor
A mor

quinta-feira, 26 de abril de 2007

Vida

Revolta em mim
Raivas internas me invadem
Despojos de amor espalhados
Por toda a parte olho o fim
Um fim desenfreado e rápido

Escolho caminhos tortuosos
Passo a passo caminho para o abismo
Gritos de dor de mágoa
Ecoam nos meus ouvidos

Ò luz divina Ò céu de azul celeste
Porque não me acompanhas?
Porque carrego este fardo de escuridão?
São castigos punições ou apenas sentenças?

Tudo o que fiz está feito
Em nada me arrependo
Em nada me desfaço
Tenho o que procuro
Procuro o que não tenho

Estranhas contradições
Revoltas inúteis
Deixam-me atordoado
Deixam-me incapaz
Fico sem forças

Esperanças desvanecidas
Sonhos destruídos
Vidas perdidas
Amores passados
Sentimentos gastos

Vidas azedas recheadas de ódios doces
Para quê? Pergunto-me
Para nada de nada mesmo
Estou cheio de nada
Vazio de amor

Olho para trás e vejo à minha frente escuridão
Olho para frente e vejo o que deixei para trás
Uma vida. Uma vida inteira de coisas boas
Que delas fiz, coisas erradamente certas
lamentos, lamentos uma vida de lamentos

Para quê tantos lamentos, tanta angustia?
Hoje é um novo dia
O sol brilha e aquece o meu rosto
Hoje é um novo dia uma nova vida

Abrem-se novas portas
Brotam novas flores
As raízes tornam-se mais fortes
Nascem novos rios
Morrem ódios antigos

A vida é assim! Tudo faz parte
Tudo nasce bem à sua maneira
Tudo se transforma, tudo muda
Basta deseja-lo, basta querer-lo

Não somos a derrota nem derrotados
Somos a força da vitória
Os gritos de esperança
A natureza da glória
Guerreiros do presente
Deuses do passado

Somos apenas o que somos
Temos para tanto para dar
E nada damos, porque a vida é madrasta
A vida é madrasta! Digo aos sete ventos
Tão errado estou, sou eu a verdadeira madrasta da vida
Sou eu que faço o que a minha vida seja
E a vida não tem culpa

A vida é quatro letras apenas
Quatro letras que muito me diz
Quatro letras com milhões de frases e actos
Vida vida vida vida quatro palavras de quatro letras
Diz-me tanto tanto que me dá ganas e forças para VIVER

quarta-feira, 11 de abril de 2007

Armelindo um homem feliz

Armelindo é um homem feliz, com o seu imponente bigode arruçado
casaco violeta, lencinho amarelo chapéu branco e um enorme cordão doirado.
Veste uma camiseta de grandes colarinhos e calça verde de bainha arregaçada,
calça sapatinhos de verniz meiazinha branca nas pontas dobrada .
A vida de Armelindo era realmente per-fei-ta. De expediente intenso
Armelindo sentia-se dono do mundo! Tinha tudo o que queria.
No seu potente Ford Capri Azul Bebé, interior de pele aromatizado com incenso
Pavoneava-se pelas ruas da sua cidade todo o santo dia!
Armelindo o rei da cidade! Cabelo de brilhantina, e raibantes comprados na feira.
Estilo modernamente ultrapassado dos anos setenta!
Calcinha justinha, todo bem posto, lá ia ele ao seu lugar previligiado, à tasquinha.
-Sai uma jeropiga e um pastel de vacalhau para o Armelindo o rei da cantadeira!
O rei da cantadeira... Armelindo Rei! Soa bem ao ouvido.... O rei da cantadeira!
Depois de um pequeno almoço pleno de calorias armelindo punha-se a caminho.
Começava o seu dia de azafama, cheio de vigor e estilo!
Entrava no seu carrinho, dava a chave, liga a sua alta fidelidade para se ouvir na rua inteira.
La ia ele, de vidros abertos cabeça meia fora meia dentro.
Aquilo é que era estilo grande som e cabelos ao vento!
Braço esquerdo de fora o direito no topo do volante, bem recostado mostrando seu semblante
- ARMELINDO O GRANDE! gritava bem alto.
- ARMELINDO O CAMPEÃO!
Com metro e meio parecia ter dois, com as suas sapatos de verniz e alto tacão.
Parava a sua maquina, saía e acariciava-o.
- Que bela máquina de azul celestial! - Que satisfação.
Havia pago duzentos e cinquenta contos pela sua maquina infernal!
Armelindo transbordava de orgulho! Erguia para fora o seu peito, caminhava
à febre de sábado à noite, direito ao numero trinta e três.
Punha a chave a porta, com uma postura carregada de respeito.
Subia até ao seu palácio de águas furtadas, entrava e punha a nu os seus pés.
Que felicidade mais um dia passado em grande! Já com as suas chaves penduradas,
Armelindo encaminha-se ao frigorífico que estava ali logo à sua direita e tira uma mini geladinha.
Liga a televisão, senta-se no sofá escarlate, estende as pernas bem abertas e relaxadas, cantarola de felicidade.
- Mas que maravilha, que loucura esta minha vidinha... - e termina a sua cervejinha.
Levanta-se e olha em redor o seu palácio de águas furtadas.
A cama a uns bons três quatro metros da porta encostada à parede!
O sofá e a TV bem no centro, ao lado um fogãozinho encostado a uma clarabóia forrada com rede, um frigorífico com vinte anos ferrugento onde ele guardava as suas cervejinhas geladas, um guarda fatos espelhado castanho escuro com três portas à beira da cama, um pequeno móvel estante com fotos de família emolduradas e uma imagem de uma santa, mas estava lá uma vazia, falta uma foto, uma foto da mulher que ele ama, um jarrito com três tulipas, ao lado uma mesinha e uma cadeira para a comer a sua janta.

Não precisava de mais, Armelindo o homem do expediente
Sempre só no seu canto, mas sempre feliz e contente
Deita-se no seu leito com uma colcha de renda e cetim
Fecha os seu olhos, sonha numa grande viagem sem fim

Lá estava ele Armelindo um homem só, um homem sorridente
Não se sentia mal com os destino que lhe fora reservado
Um homem que era muito feliz bem à sua maneira, sempre contente...

terça-feira, 10 de abril de 2007

Terra linda Macieira




Que saudade deixas em mim
Pastos imensos Verdes pastos
Verdes pastos de jardim
Jardim de cores e sonhos nefastos


Luz resplandecente
Luz alfazema coroada de framboesa
Luz de amarelo quente
Luz de amor e franqueza


Iluminas a terra o céu o mar
Iluminas as gentes o Coração
Iluminas a minha vontade de amar
Iluminas os meus sonhos na imensidão

Ó terra maravilhosa vestida de véu
Que me dás a paz e alimento
Que por muitas vidas passadas ao céu
Me retiras a dor a mágoa o sofrimento


Das-me guarida lume para me aquecer
Das-me alegria amor compaixão
Das-me o sorriso do amanhecer
Dás-me alimento e trigo para o meu pão


Tuas pedras guardam segredos
Das vidas vividas, vidas passadas
Escondem receios e medos
Mesmo das vidas não acabadas


São pequenas ruelas de pedras à mão cortadas
Ruelas de encontros e desencontros antigos
Mesmo hoje vazias são de histórias passadas
Histórias de amor de festa e dos amigos


Ruelas com sentimento profundo
Ruelas de fontes e roupas de linho
Ruelas que foram um mundo
Ruelas que hoje apenas são um caminho


Mesmo só terra linda, estás sempre cheia
Cheia de coisas para contar cheia de amor para dar
Teus campos sedentos de sementeira
Serás sempre a minha Macieira


Terra linda és, terra linda o canto
Sento-me a lareira penso em ti
Dos pardais ouço a nostalgia do meu encanto
A minha infância deixo ai


Uma terra sempre em festa
Uma terra de povo simples trabalhador
Terra que pouco que resta
São casas vazias cheias de amor

segunda-feira, 9 de abril de 2007

Palavras


Despertar para a vida, despertar para viver
É como o desabrochar de uma rosa
Fala-se na vida em verso ó em prosa
Fala-se muito dela a escrever

Umas vezes como espinhos
Outras como Flores
Sim em Flores e carinhos
Beijos cheios de amores

Escrevem-se frases de amar
Escrevem-se ideias em cores
Descrevem-se ritmos danças amores
Descrevem-se os campos e o mar

Fala-se da cidade
Fala-se da infelicidade
Grita-se por amor
Grita-se de dor

Canta-se de alegria
Canta-se de nostalgia
Dança-se no sol na chuva no vento
Dança-se com fulgor com sentimento

Tudo graças a palavras feitas de letras
Palavras verdadeiras e nobres
Palavras de ricos e pobres
Palavras de vidas suadas ou de guerras sangrentas

São só palavras com muito significado
Palavras doces ou de ingratidão
São palavras ditas e escritas de agrado
Palavras de amor e solidão

Palavras de palavras com palavras
Palavras apenas e só palavras
São ideias pensamentos
sentimentos consentimentos

São apenas palavras escritas
Apenas Palavras

Tempos e Vidas Perdidas

Ás vezes pensam que estamos bem
que somos felizes e afortunados
pensam sim mas não sabem e não sentem aqueles momentos
sim aqueles momentos que queremos só para nós
e que as vezes parecem que propositadamente não nos deixam desfrutar
parece que têm prazer em nos puxar o nosso tapete
para terem o prazer de nos ver cair

Tenta-se ser politicamente correcto
Politicamente correcto? mas que raio de expressão inventada
Ser-se politicamente correcto? Mesmo assim não descolam
O gozo, o simples gozo de nos tirarem aqueles breves instantes
instantes de lucidez descontroladamente louca
Aqueles flashs de infinito de imaginário
Onde somos cavaleiros andantes, anjos celestes

Momentos curtos e longos de reflexões
Momentos sensuais, momentos gloriosos
Momentos apenas momentos que nos fazem voar
Momentos de verdadeira liberdade de pensamentos
Sim liberdade de pensamentos!
Porque até isso nos é preso
Não pelos políticos, mas sim por nós

Então há sempre uma fugazinha
Há sempre um refugio um escape
Mas há sempre uma força estranha a nós
Que se entre põe precisamente naquele momento
E lá estamos nós
-Lá vem aquele empessilho meter-se onde não deve!
E lá vamos nós ser politicamente correctos
Com o sorriso amarelo avermelhado de raiva

Por muito que se tente mostrar dócilmente
Aqueles impessilhos mais força fazem para ficar
Até que se é um pouco mais duro e pronto
Lá vem aquele turbilhão de sentimentos contraditórios
Azedam mas de seguida vem o lado penoso
E tão penoso que se torna que se vitimizam

A pontos de quererem fazer sentir culpados
Culpados? mas culpados de quê ?
Por apenas querer estar a desfrutar
Sim disfrutar de um breve momento
Um momento meu um momento meu?
Será que já nem a isso temos direito?
Será que nada já é meu?

Chega-se entra-se fala-se e tira-se
É o que vai na mente de cada um
Nada é de ninguém mesmo nada
Nem aquele momento que queremos viver
Vazio este mundo está vazio completamente vazio
Criam-se valores regras e leis
Para quê? Para se tornar mais seco mais oco
Fica-se cheio, não do mundo mas cheio do nada

O mundo esqueceu-se da verdadeira existência
O mundo perdeu-se no infinito na calunia
O mundo perdeu-se perdeu-se perdeu-se
Felicidade, paternidade, amizade, amor
Clichés para tapar as asneiras terríveis
que nós provocamos e depois dizemos que somos vitimas
Vitimas? Vitimas de quê?
Vitimas de nós mesmo, vitimas das vitimas que vitimizam
Mas afinal que estamos a fazer de nós mesmos

de marionetas de pau podre tapadas com cetim
mas que belas mairionetas estas... podres
Podres doentes mas têm um belo vestido de cetim
O resto não importa, têm cetim, e que belo cetim
MERDA, MERDA, MERDA
Três mil vezes MERDA
Deixem os clichés, deixem as hipócrisias
vivam, deixem viver
Porque só nos é dada uma vez para viver
não estraguem, conservem, e gozem

Quanto ao resto são balelas, são tempos e vidas perdidas

quinta-feira, 5 de abril de 2007

Espasmos de Loucura

Caricias suaves de cetim
Aromas de alfazema
Lábios ardentes sedentos de caricia
Cabelos de ouro vermelho
Pele rosa quente de luxuria
Voz transbordando sensualidade

Teu toque faz-me estremecer
Teus beijos elevam a minha fantasia
Tuas mãos transportam o meu fogo
Teu corpo aclama pelo meu
Teus olhos penetram a minha alma


Nossos corpos entram em ebulição
Dançando em movimentos lentos
Fluidos corporais circundam o leito
Sons melodiosos de luxuria ecoam por toda parte
Espasmos de loucura nos unem nos separam
O clímax perfeito, como um tango de morna

Caricias suaves de cetim
Aromas de alfazema
Lábios ardentes sedentos de caricia
Cabelos de ouro vermelho
Pele rosa quente de luxuria
Voz transbordando sensualidade

quarta-feira, 4 de abril de 2007

Pensamentos


Pensamentos pesados duros como rochas
Pensamentos sem qualquer nexo mas cheios de verdade
Pensamentos tempestuosos carregam uma dura realidade
Pensamentos doces salgados uns riem outros choram
Pensamentos com sabor amargo da desilusão
Pensamentos negros de tristezas continuas
Pensamentos, pensamentos pensamentos


Pensamentos doces de mel, que temperam o amor
Pensamentos meigos, que aquecem a alma
Pensamentos suaves, acalmo os pesadelos
Pensamentos virgens, dos sorrisos de uma criança
Pensamentos imaculados, quando falamos a Deus
Pensamentos verdadeiros, do amor de uma mãe

Pensamentos de paz, quando nos deitamos no colo do pai
Pensamentos de cor, quando nos apaixonamos
Pensamentos de cheiro, quando estamos a amar
Tudo não passa de simples pensamentos perdidos
Tudo não passa daquilo que queremos alimentar a nossa alma
Tudo não passa daquilo que queremos fazer e viver

São apenas Sentimentos
Apenas sentimentos
Sen-ti-men-tos
sen-ti
sinto




Flôr



A imensidão do céu, o claro escuro da vida
As loucuras e guerras travadas
São como espinhos grossos
Que nos trespassam e rasgam a alma

São beijos de mel em lábios de sede
São anjos musicais, no coração de um pássaro
Como uma aguarela de pastel
Pendurada no vazio de uma parede de pedra lascada

Brotando lágrima de sangue púrpura
Esperando pela ultima pincelada de açúcar meloso
Que as tuas palavras alimentam a mais profunda música
Da minha alma debilitada forte e segura de si

Sonhos do infinito, esperanças obscuras

Sonhos do infinito, esperanças obscuras
Lágrimas de seiva de amores brutais
Sentimentos sedentos de amor
Coração flamejante ardente.

Grita por ti, sente por ti
Tua pele com sabor de mel,
Olhos meigos, fortes, doces
Sorriso simples, universal mas raro.
Fecho os olhos


Penso no infinito
Cheiro o a brisa que me adorna
Abraço o sol que me aquece
Beijo a lua que me faz estremecer
Acaricio com as mãos de pétalas

Abro os olhos...

Sonhava contigo
Tocava-te, sentia-te cheirava-te.
Sonhos do infinito, esperanças obscuras
Lágrimas de seiva de amores brutais.

Sentido Real da Vida



Olho o horizonte, inundo-me com uma mistura de cheiros salgados, abraço a brisa que me acaricia, murmúrios ocos, gritos abafados rodeiam a minha alma. Encontro-me perdido numa liberdade disfarçada em tons de negro escuro, uma pequena luz de vela quase derretida como que uma muralha imperial estivesse a desmoronar-se.


Gaivotas numa dança sensual, flutuam nas ondas da brisa que me acaricia, as ondas num kamassutra contínuo com a areia, o vento deixando-se tocar pelo sol as ervas acariciando a terra que as segura firmemente. Uma orgia plena de cor e cheiros inundam o meu ser negro obscuro e frio, Uma lágrima de sangue escorre pelo meu rosto agastado seco triste.

Estou só, pus-me só, não dou valor a nada e nada me dá valor, não isso não é verdade dizem-me as ondas num leve murmúrio. A solidão só existe quando deixas de sentir e tu sentes mais que os outros Essas lágrimas de sangue, mostram a dor que alimenta o negro da tua alma.

Mostra-te ao mundo, mostra que vives daquela forma que todos deveriam viver Sem máscaras sem dor sem nada que nos mate de tristezas, vive resiste luta.


Retorqui, não queria aceitar, olhei para aquela vela a lutar bravamente a iluminar-me, pouco sim iluminava pouco porque os meus olhos dízima sua força era imponente inesgotável, fechei meus olhos, deixei-me embalar nas carícias da brisa, inundei-me de cheiros deixei que as ervas me tocassem, que o vento me abraça-se que a terra se deleita-se, um calor invade o meu corpo, tocando meigamente na minha pele, uma luz pintava cada vez mais o negro escuro de cores sensuais quentes eróticas.


Abro os olhos e uma luz forte iluminava tudo o que me rodeava era aquela pequena vela que lutava bravamente para não se apagar sorri elevei os meus lábios secos gretados, há tanto tempo que não o fazia até mesmo o crepitar e a dor que provocava não impedia de o fazer ela mostrou-me o sentido real da vida, lutar lutar lutar lutar.