quarta-feira, 6 de junho de 2007

Tudo és Tú

Deambulando por passeios estreitos
Passeios de calçada abatida desgastada consumida
Casas avelhentadas de estores de metal enferrujado
Candeeiros de verde desmaiado dependurados
Varandas e varandins atijolados partidos emparelhados
Velhas mantas estendidas dançam ao ritmo do vento

Pequenos Raios de sol trespassam uma pequena vidraça partida
Iluminando e aquecendo um rosto de uma doce velhinha
Sentada num pequeno canapé estofado arruçado e gasto
Exercitava as suas delicadas mãos com uma agulha de barbela
Fazendo nascer uma quadricula desarticulada e bela

Uma grafonola libertava seus suspiros de bourree de Bach
Toda a vizinhança se deliciava sonhava suspirava
Sons maravilhosos ecoavam por toda a parte
Os carvalhos que sombreavam dançavam embalados
Deambulava naquele pequeno pedaço de paraíso
Pequenos saltavam em redor sempre em festa


Que belo pedaço de paraíso pequeno
Paraíso uno paraíso paradísico
Saúdam-se os transeuntes
Tudo é belo tudo é afectuoso
Tudo é ameno aprazível encantador brando
Tudo é o que é
Tudo é genuíno
Tudo é Puro
Tudo és Tu
Minha velha idosa minha cidade minha Lisboa

2 comentários:

HOW DO YOU WRITE disse...

Muito intenso e ritmado. Gostei muito. Parabens.

malicianegra disse...

Nada melhor do que escrever sobre Lisboa...